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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
VIAGENS DE ANTONIO MIRANDA PELO MUNDO
 

 

TOURADAS DE MADRI
9 a 11 de junho de 1991

 

As praças de touro são uma tradição na península ibérica e na América espanhola.
Nos quase sete anos que morei na Venezuela (de 1966 a 1973) uma única vez dirigi-me ao Novo Circo de Caracas, para assistir a uma festa de touros. Mais que nada por curiosidade.
O edifício do Novo Circo é simples, em contraste com a grandiosidade dos arranha-céus do Parque Central, que hoje marcam a silhueta urbana da capital Venezuelana.
Quando eu lá cheguei, em meados de 1966, o Novo Circo aparecia atraente à chegada do ônibus no terminal rodoviário.
A “Plaza de toros” de Bogotá é mais bonita, mais imponente, bem no centro da cidade. Nunca entrei nela, mas a arquitetura dela, imitando o mourisco, sempre chamou a minha atenção.
Uma tarde memorável de touros, experimentei na cidade do México (em 1981), com muito sol e “paso dobles” tocados por uma banda de animados músicos.
Mas é em Madri onde se apresentam os grandes toureiros. Ao contrário de Portugal e da América Latina, o espetáculo inclui o sacrifício derradeiro dos touros, que resulta chocante para os dias em que vivemos. Ao todo, matam seis animais de raça em cada tarde, para o mórbido delírio da platéia.
 


A “Plaza de Toros monumental de las Ventas”

 é um show arquitetônico à parte, com uma fachada mozárabe de tijolos aparentes e elegantes balcões em ferro trabalhado.

Mulheres luzindo chapéus e chales, homens com ramalhetes  de flores para festejarem os toureiros triunfantes.
Os três toureiros principais e os toureiros coadjuvantes entram na arena com suas vestimentas bordadas, capas e chapéus típicos. Entram com eles os cavaleiros e demais figurantes, ao som da banda musical, enquanto dão uma volta completa para o cumprimento e o aplauso do público.
Depois é a vez do enfrentamento do toureiro e o touro, com seu ritual e seu dramatismo. O touro negro entra bufando na praça arfante, disposto a tudo. Touro imenso, negro, de chifres pontiagudos, feroz, de linhagem bravia.
Os toureiros aprendizes fazem encenações de bravura, atraindo o animal com suas capas vermelhas, em passes corajosos. O touro, acuado, ataca o ponto vermelho à sua frente, enquanto o toureiro dribla-o  com elegância e garbo.
O primeiro enfrentamento real é com o ginete sobre o cavalo protegido por uma grossa capa e de olhos vendados para não assustar-se com o perigo iminente. O touro tenta enfiar os cornos na barriga do imenso cavalo, quase espremendo a perna do cavaleiro. O homem enfia uma enorme lança na corcunda do touro. Mesmo sangrando, o touro investe furiosamente contra o animal.
 

 

Plaza de Toros monumental de las Ventas” Madrid - España

 

Um espetáculo de força e tensão, o sangue jorrando, o touro vociferando. Numa das investidas consegue derrubar o cavalo e o cavaleiro, furando a barriga do enorme cavalo, o que não é comum. Touro furioso, guerreiro.
Sangrando, começa a ser atraído pelos demais toureiros. É quando os ginetes partem contra ele e espetam lanças no pescoço do animal, aos pares, até completar seis investidas. Se conseguem enfiar as lanças, o público explode em aplausos e olés.
O animal começa a dar sinais de cansaço e desespero. É quando entra em cena o toureiro  principal, para o enfrentamento decisivo, ao som de um passo-doble dramático e triunfal. O enorme animal parte para enfrentá-lo, ainda com força e determinação. O toureiro, impávido, dribla-o com a sua capa, aos gritos. Passes elegantes, gestual fleumático, contido, tenso, um autêntico “pas de deux” macabro entre o homem e a besta.

O animal volta a enfrentar, sempre que é atiçado pelo toureiro, até que fica atordoado, perplexo, sem moral.
O toureiro caminha, lentamente, à sua frente, de costas.
Volta a atiçar a fera várias vezes, a enfrentá-lo com a capa, a dar passes lindantes, de pé ou de joelhos, já sem iniciativa, cansado. É o momento em que o toureiro impõe-se sobre a vontade do touro, deixando-o sob o domínio de seu ritmo e gesto.
Chega o instante em que o toureiro recebe a espada e posta-se à frente do animal e parte contra ele, de pé, para o enfrentamento derradeiro. Momento de grande tensão e nervosismo. Um mínimo de descuido e pode ser fatal.
Há que enterrar a espada no ponto certo, penetrar a carne do bicho até o ponto final. Poucos toureiros, mesmo os mais experimentados, conseguem realizar esta façanha, na primeira investida. O animal ferido de morte, caminha poucos passos, e cai de joelhos diante de “el matador”, e morre de imediato, e o toureiro recebe de prêmio a orelha do animal, enquanto o público festeja arrojando flores e objetos na arena.  Na maioria das vezes o toureiro usa mais de uma espada e a matança é lenta, difícil, ainda mais horrenda e terrível.  O toureiro, sempre triunfante, sai sem glória, enquanto o touro morto é arrastado por uma parelha de cavalos, e o sangue na areia é logo raspado e coberto, para dar luar à próxima luta.
Coragem e covardia, grandiosidade e brutalidade primitiva.
Um bonito e terrível espetáculo que expõe os instintos humanos do nível de sua própria bestialidade.


 

 

 
 
 
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